sexta-feira, 14 de junho de 2013

Cárie (parte 1)

Hoje vou começar a falar sobre a cárie. Acredito que esse assunto irá render 2 ou 3 posts, já que passei uns 2 anos da faculdade aprendendo sobre isso!

Em primeiro lugar, gostaria de deixar claro que a cárie não é necessariamente o furinho que podemos ver no dente, e sim, é uma doença bacteriana infecto-contagiosa e que, portanto, passa de uma pessoa para outra. Logo, é assim que o seu filho vai contrair essa doença! Ao beijá-lo na boca, ou mesmo próximo dela, dividir a colher ou canudinho com ele ou, até mesmo, assoprar a sopinha para esfriar, estamos passando as nossas bactérias para ele! Isso sem falar na popular (e nojenta) mania de "limpar" a chupeta que caiu no chão na nossa boca... (tem um post bem legal que fala sobre isso lá no Mil dicas de mãe, confiram aqui: http://www.mildicasdemae.com.br/2013/05/colocar-a-chupeta-do-filho-na-boca-pode.html )

Mas então o que é o furinho no dente? Aquilo é a sequela da doença. Uma vez que temos um ou mais tipos de bactéria cariogênica dentro da boca, temos a doença mas, se teremos ou não os famigerados buraquinhos, isso depende de outras coisas...

Fiquem sempre de olho nos dentinhos para ver se encontram manchinhas ou buraquinhos. Se virem alguma coisa, mesmo se os dentes forem de leite, corram para o dentista!


As bactérias se alimentam dos restos de comida (carboidratos) que ficam grudados nos dentes, e, como resultado de sua digestão, secretam ácido (como se fosse xixi e cocô da bactéria, eca!) e é esse ácido que corrói o esmalte do dente, causando as manchinhas e até furos na superfície. Então se não ingerirmos carboidratos não teremos problemas? Correto! Mas convenhamos, isso é impossível!

Ilustração das bactérias construindo o biofilme e "fazendo xixi" no dente, que seria o ácido liberado após a digestão dos carboidratos.

Além da dieta, o processo da cárie depende de outra coisa também, que é o sistema de defesa imunológica de cada um. Não tem gente que pega um resfriado por mês e vive com infecção de ouvido ou garganta, enquanto outros quase nunca ficam doentes? Essas pessoas têm a imunidade reduzida e isso funciona da mesma forma para a cárie. Pode ser que certo indivíduo ingira a mesma quantidade de carboidratos do que outros e tenha uma higiene semelhante ou pior, mas não desenvolva as lesões da doença. Mas isso é uma questão de sorte! Já que não sabemos se nossos filhos serão ou não sortudos e manter uma dieta 100% sem carboidratos está fora de questão, só nos resta ter uma boa higiene oral!

Existem estudos que mostram que se a criança não apresentar nenhuma lesão de cárie (ou dentinho furado) até os 12 anos de idade (isso contando dentes de leite e permanentes, hein!?), muito provavelmente não terá nenhuma até o final da vida, portanto, paciência e dedicação com a escovação do filhote nesse começo podem garantir bastante tranquilidade financeira no futuro!

 

sábado, 8 de junho de 2013

Interposição de língua

Hoje vou falar de um assunto que vocês, pais, e o pediatra podem ajudar e muito no diagnóstico (existem vários tópicos que são assim, da conta de um monte de gente diferente mas a culpa acaba sendo sempre do coitado do dentista...), que é a interposição da língua, normalmente acompanhada pela deglutição atípica também. Aí você pensa "credo, o que são essas coisas?". Calma, eu explico!

Grande parte das pessoas deixa a língua em um determinado ponto do céu da boca enquanto ela "descansa" e pressiona contra esse ponto quando ela engole. No entanto, uma porcentagem da população posiciona a língua em outros lugares, normalmente contra os dentes superiores. Quando a pessoa faz isso só quando engole, chamamos de deglutição atípica. Quando é só quando descansa, interposição de língua. Já adianto que se seu filho tiver um destes problemas, muito provavelmente ele vem acompanhado do outro. A deglutição atípica, ainda, pode vir acompanhada de frouxidão nos músculos da boca e bochechas, que verificamos quando a criança fica frequentemente de boca aberta, inclusive quando está engolindo alimentos.

A: correto posicionamento da língua
B: Interposição


Uma das implicações de qualquer uma destas anormalidades (não estou dizendo que seu filho é anormal, eu, por acaso, tenho as duas coisas, é que não é o comum, ok?) é o mau posicionamento dos dentes, principalmente os da frente. Pouca gente sabe que a língua é um dos músculos mais fortes do nosso corpo e ela é capaz de bagunçar, e bem, os dentes. Se ela se posicionar no lugar errado, pode empurrar os dentes, fazendo com que abra um vãozinho entre os eles, ou que um ou mais deles girem, ou simplesmente que sejam projetados para frente.

Reparem como os dentes (ou às vezes só um dente) entortam e se separam

Percebam a língua empurrando os dentes, sendo que deveria estar no céu da boca


Mas de onde vem o problema? Na maioria dos casos, isso é proveniente de um mau hábito, que se inicia na época em que a criança perde os dentes de leite e posiciona a língua na "janelinha", mas pode ser também causado por macroglossia (língua muito grande), problemas de postura ou consequência de síndromes, como a de Down, por exemplo.

O tratamento é multiprofissional, ou seja, seu filho provavelmente passará por um longo acompanhamento com otorrino, que verificará se há problemas respiratórios que impeçam o fofinho de fechar corretamente a boca, fono, que tem o papel de ensiná-lo a engolir e posicionar a língua corretamente e ortodontista/ortopedista funcional, que vai corrigir o mau posicionamento dos dentes e outros problemas anatômicos nos ossos.

Então, se você notar seu filho frequentemente com a boca aberta, babando enquanto bebe do copo, ou com os dentes "entortando", não deixe de procurar os profissionais indicados!

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Criança precisa fazer canal?

A grande maioria dos adultos que eu conheço têm calafrios só de pensar em ter que fazer o canal de um dente. Imagina ter que fazer esse procedimento no seu filho? Mas às vezes precisa...

Em primeiro lugar, deixe-me explicar o que é tratar o canal, porque muita gente morre de medo mas nem sabe direito o que é. Dentro do dente existem nervos e vasos sanguíneos, que, por diversas causas, podem inflamar e/ou necrosar, precisando ser removidos lá de dentro. O dentista usa alguns instrumentos para tirar todo o tecido vivo de dentro do dente e depois completa o espaço que ficou com materiais estéreis e inertes (que não causam reação nenhuma ao nosso corpo) e, com isso, o dente pode continuar na boca anos a fio, sem doer. Não é assim tão assustador, né? Acontece que quando o canal precisa ser feito por causa de uma inflamação na polpa (os nervinhos e vasos), dói. E dói muito.
Reparem na quantidade de nervos e vasos

Dente com cárie / polpa sendo removida / dente preenchido com material estéril

Uma das causas mais comuns da inflamação na polpa é a cárie muito profunda e que já está lá há um bom tempo. As bactérias chegam até o centro do dente causando a infecção e esse tecido vivo "incha" e acaba fazendo muita (mas muita mesmo) pressão dentro do dente. Quem já sentiu isso sabe que é de enlouquecer. A boa notícia é que criança não sente tanta dor assim quando a cárie chega no canal. Isso porque os dentinhos delas são mais abertos do que o dos adultos, como mostram as radiografias que seguem, e neles tem muito mais espaço para a polpa inchar, fazendo muito menos pressão. Então, se o baixinho reclamar de dor de dente, mesmo que não seja uma dor muito forte, fique atento pois pode ser canal!

                     Dente permanente com canal tratado           Dente de leite com canal tratado

 (Olhem como o dente de leite é mais largo. O permanente é muito fininho e muito fechado no final. Não tem espaço para inchar, por isso dói mais)


Outra razão comum que pode indicar o tratamento do canal em crianças é o trauma, ou seja, aqueles famosos acidentes nos quais o fofinho cai de cara no chão, na quina do móvel ou na borda da piscina. Como eu já comentei aqui, se o seu filho perder um dente em um acidente e for possível reimplantá-lo no lugar, muitas vezes o tratamento do canal é indicado. Mas, se a criança bate o dente em um acidente e ele continua lá no lugar, também devemos ficar espertos e observar durante algumas semanas. Se houver alteração de cor, amolecimento do dente ou fratura de um pedaço dele, grandes chances de o odontopediatra querer fazer o canal.

Mas e por que tem que fazer o canal? Bem, como eu já comentei antes, extrair não é uma opção legal pois existem muitas complicações provenientes de se perder um dente antes da hora e manter o dente na boca com uma infecção certamente não é a coisa certa a se fazer. Lembram que dentro do dente tem veias e artérias? Esses vasos carregam sangue que circula por todo o corpo e existe uma grande chance de as bactérias da cárie caírem na corrente sanguínea e irem parar no fígado, pâncreas e principalmente, no coração. Você não quer isso para o seu pequeno, quer?

Não tem como negar que a ideia de uma criança tratando o canal é um pouco assustadora. O melhor que podemos fazer é prevenir, visitando frequentemente o dentista para dar uma olhada se não tem cárie mas, se precisar, tem que respirar fundo e deixar fazer o canal!

quarta-feira, 29 de maio de 2013

O que fazer quando o dentinho cai antes da hora? (parte 2)

No último post eu expliquei como proceder quando a criança cai e um dente sai voando para fora da boca. O que eu não contei (mas calma, vou contar agora) é o que fazer se nada daquilo foi feito, ou seja, se já for "tarde demais".

Bem, se você lavou o dentinho e ele perdeu a camada de células, ou nem chegou a encontrar o dente, ou ainda, se o dentista que atendeu seu filho na emergência (porque é óbvio que se isso um dia for acontecer, vai ser num domingo ou feriado) julgou que não dava para reimplantar, fique tranquilo porque tem solução! Eu sei que, se você leu o post anterior, deve estar um pouco desesperado com as consequências de se perder um dente antes da hora, mas para isso existem os odontopediatras!
Caso não tenha sido possível recuperar o dente, o dentista deve providenciar um mantenedor de espaço, que, nada mais é, do que um aparelho móvel com um acessório que irá ocupar o espaço do antigo dentinho até que chegue a hora de o devido permanente nascer. Quando o dente perdido for um da frente, o dentista costuma pedir para o protético colocar um dentinho falso no lugar, assim garantimos que a estética não seja prejudicada (lembrando que trata-se de uma criança que perdeu o dente anos antes do previsto) e, além disso, minimizamos as dificuldades na pronúncia de algumas palavras.


Mantenedor de espaço com dentinhos



Mantenedor para dentes do fundo


Às vezes, pode ocorrer de passar da hora de o permanente nascer após um trauma como esse. Isso porque a gengiva acaba ficando mais rígida e o dente não tem força para rasgar. Nesse caso, o pequeno deve passar por um pequeno procedimento cirúrgico para abrir o caminho para o dentão que está preso lá em baixo, mas nada muito traumático, aposto que ele vai adorar passar um dia todo tomando sorvete por recomendação do dentista!

Caso você não encontre o dente, é necessário avisar ao profissional que irá atender o seu filho, para que ele peça uma radiografia e, assim, possa ter certeza de que não ficou nenhum pedacinho de dente lá dentro, nem que o dente intruiu, ou foi todo lá para dentro, tema que falarei melhor em um outro post.

Tem mais uma coisa importante sobre o reimplante do dentinho perdido que eu acabei não comentando no primeiro post sobre esse assunto. Se for o caso de reimplantar o dente, prepare-se para um acompanhamento mensal com o odontopediatra, que irá avaliar se o osso está "cicatrizando" ao redor do dentinho, bem como a necessidade de se tratar o canal. Um dente que sofre trauma, normalmente muda de cor com o tempo, podendo ficar amarelo, cinza, marrom, ou até avermelhado. Às vezes a cor volta ao normal em algumas semanas, outras, não.






                                     Alteração de cor em dentes que sofreram trauma

quinta-feira, 23 de maio de 2013

O que fazer quando o dentinho cai antes da hora? (parte 1)

Para quem não sabe, os dentes de leite, assim como os permanentes, têm raiz. À medida que o permanente, que está dentro do osso, vai se formando, a raiz do decíduo (ou dente de leite) começa a dissolver e o dente amolece e cai. Esse é o processo normal, mas o que fazer quando seu filho cai de cara no chão e sai voando um dentinho com raiz e tudo?

Acho que esse foi o principal problema que me motivou a escrever este blog, justamente porque a população não tem acesso às instruções referentes ao que fazer nessa situação!

Em primeiro lugar, preciso dizer que a presença dos dentes na boca é fundamental e a perda de algum antes da hora pode causar várias complicações, tais como:


  • atrasos no nascimento do permanente devido ao endurecimento da gengiva;
  • perda do espaço designado para o permanente (porque os dentes que sobraram se reacomodam) e, como resultado, o permanente nasce onde bem entende (céu da boca, por exemplo);
  • problemas na pronúncia de palavras (já que normalmente o dente que a criança perde quando cai de cara, é o da frente);
  • vergonha/ manha para ir para a escola (mesma justificativa do item anterior);
  • dificuldade para se alimentar;


Agora vamos ao mais importante: O que fazer quando isso acontece? Existe a possibilidade de reimplantar o dente no buraco que ficou, e isso é algo que vocês podem fazer em casa, antes de chegar ao dentista mas para que isso funcione, EM HIPÓTESE ALGUMA deve-se lavar o dente! Eu sei que grande parte dos acidentes acontece no parquinho ou com a criança correndo do lado de fora de casa e, por isso, há grandes chances de o dente estar ensanguentado e "empanado" em terra ou areia. Se isso ocorrer, simplesmente pegue o dente pela coroa e irrigue-o com soro fisiológico, água filtrada ou leite mas não tente limpá-lo por fricção (não esfregue!). Isso porque o sangue contém uma camada de células que será fundamental para que o osso consiga se juntar ao dente novamente. Depois, o dentista vai "amarrar" o dente solto aos vizinhos e, se tudo der certo, ele vai acabar endurecendo de novo em alguns meses.

Para quem tem estômago, aqui vão algumas fotos ilustrativas...



Reparem na camada de células em volta da raiz

Um dente deveria caber nesse espaço, mas não vai...



Olha onde os dentes que não têm espaço vão parar!




quarta-feira, 22 de maio de 2013

Quando e como escovar os dentes?

O tema de hoje é complicado porque, às vezes, nem mesmo os pais sabem e/ou gostam de escovar os dentes e provavelmente esse hábito se repetirá com os filhos mas tentarei dar algumas dicas de como tornar esse evento um pouco menos traumático.

No post de ontem, comentei que uma das maneiras de ajudar seu filho a "coçar" a gengiva no período em que estão nascendo os dentinhos é com uma escova de dentes própria para bebês. E, justamente, acho que essa é também uma excelente maneira de iniciar os fofinhos na higiene oral. Acredito que se a escova for dada inicialmente como um brinquedo, há maiores chances de o pequeno pegar amor por ela! Além disso, já que nessa fase tudo vai para a boca mesmo, ele já vai até se acostumando com a sensação de passar as cerdas na língua e gengiva, diminuindo assim o risco de ânsias de vômito mais para frente.

Em tese, devemos iniciar a higiene oral do bebê assim que ele nasce, com paninho enrolado no dedo e molhado em água filtrada ou soro fisiológico (ou apetrechos próprios para isso) após cada mamada, para remover restos de leite que ficam acumulados na língua e em baixo dela e por dentro das bochechas. Eu disse em tese. Imagino que se eu, que sou dentista, não consegui fazer isso nem uma vez por dia, o resto dos pais "normais" também não consigam, até porque, os bebês costumam dormir mamando e eu quero ver quem é que vai ter coragem de limpar a boca de um bebê que acabou de dormir...


Acessório da MAM para auxiliar na higiene oral de bebês


Já que iniciá-los na escovação tão cedo assim é uma insanidade, acho que um bom momento é por volta do nascimento dos primeiros dentinhos. Hoje em dia existe uma grande oferta de produtos para a higiene oral infantil, todos caros como tudo o que é para crianças, então vou dar a minha opinião: a escova mais simples que encontrarem (desde que de cabeça bem pequena e cerdas bem macias) e nada mais. Mas assim, sem pasta? Sim senhores, sem pasta. Recomendo a escova simples porque eles vão acabar mastigando ela, que se destruirá rapidamente e, sobre o creme dental, ele é apenas um coadjuvante. O que realmente remove a sujeira dos dentes, evitando a cárie, é uma boa escovação. A pasta de dente de adulto libera um pouco de flúor (que é desnecessário em municípios que tenham sistema de fluoretação da água - ou seja, obrigatoriamente todos os que tenham estação de tratamento de água) e tem um "gosto de hálito fresco" que, na minha opinião, é a única vantagem. A pasta infantil não tem flúor e, graças ao "gostinho", a criança vai acabar querendo engolir tudo e com isso vai fechar a boca, o que dificulta muito a escovação!

Se, mesmo assim, você achar que o creme dental é fundamental, opte por colocar quantidades bem pequenas na escova, o que também vale para os adultos. Nada mais do que a quantidade equivalente a uma ervilha. E quanto à qual pasta comprar, qualquer uma que seja própria para crianças e que tenha registro na ANVISA são boas, embora a Malvatrikids e a da Weleda estejam há mais tempo no mercado.

Agora a respeito de como fazer essa dura tarefa, tenho algumas de dicas. Em primeiro lugar, nunca falem para seus filhos que escovar os dentes é um saco (não que não seja!) porque as crianças confiam muito nos pais e certamente acharão a tarefa chata antes mesmo de tentar. Se, pelo contrário, vocês disserem que é super gostoso, talvez a hora da escovação se torne um evento em família. Os pais devem escovar os dentes dos filhos até por volta dos 10 anos de idade (dependendo da maturidade de cada criança), então melhor que isso seja algo prazeroso, não? Antes e/ou depois de escovar os dentinhos deles, é bem legal dar um tempo para que eles mesmos o façam, assim vão se acostumando com a rotina. Deixar que o pequeno escolha sua escova de dentes na farmácia (desde que adequada para sua idade) também é bem legal.

Escovar os dentes pode ser mais divertido do que ir ao shopping! Aham...


Quanto ao método, acredito que todos um dia aprendemos a tal da técnica do "trenzinho, bolinha e vassourinha", que é própria para crianças (e só para crianças, adultos devem escovar de uma outra forma que se um dia for pertinente eu explico aqui). Se não aprenderam, eu ensino: começando de uma das extremidades (pode ser o fundo esquerdo ou direito, de cima ou de baixo), fazemos movimento de vai e vem com a escova na parte dos dentes que morde a comida e, ao concluir, movemos para o próximo lado em sentido horário para não esquecer de escovar nenhum pedaço - essa é a parte do trenzinho. Depois, com os dentes cerrados, fazemos movimentos circulares - bolinha - na face de fora dos dentes, também começando por uma extremidade e indo em direção à outra. E, finalmente, "varremos" a sujeira da gengiva para fora do dente, pelo lado de dentro da boca. Seguem algumas imagens abaixo (horríveis, por sinal, mas é o que tem pra hoje!)






E agora o mais cruel de tudo: a frequência! Em um outro momento, vou explicar como se forma a cárie e talvez vocês entendam melhor, mas, até para adultos, se a escovação for bem feita (muita ênfase no BEM feita!), uma escovação por dia está de bom tamanho. Então por que raios os dentistas mandam escovar depois de todas as refeições? Bem, uma boa escovação deve durar em média 7 minutos. É esse o tempo que você gasta? Acredito que não, por isso a necessidade de complementar ao longo do dia. Mas e o seu filho? É claro que ficar com a escova durante todo esse tempo na boca de uma criança pequena está fora de cogitação e é aí que entra o bom senso de cada um. Se você tiver certeza de que conseguiu escovar todos os cantinhos da boca do pequeno, você fez um ótimo trabalho e não precisa de outras escovadas!

terça-feira, 21 de maio de 2013

Nascimento dos dentinhos dos bebês

Já que o nome desse blog é "Primeiros dentinhos", achei justo começar o blog falando sobre esse assunto que certamente já tirou o sono (literalmente) de muitos papais e mamães.

Antes de começar, quero deixar bem claro que não sou patrocinada por nenhuma marca, então todos os nomes de remédio (ou qualquer outro produto) que eu citar aqui são minhas preferências como consumidora e mãe, não necessariamente produtos que eu prescrevo no consultório.

Primeiramente, gostaria de aproveitar este canal para me desculpar oficialmente com todos os pacientes que me procuraram desesperados perguntando o que fazer à respeito do nascimento dos primeiros dentinhos de seus bebês, me questionando sobre dar ou não remédio, passar ou não o tal do nenêDent, e também se dá mesmo febre e diarreia. Eu, que outrora era uma pobre dentista recém saída da universidade, apenas me limitava a repetir que nem um papagaio tudo o que os meus sábios e respeitadíssimos professores haviam me ensinado: "O nascimento dos dentinhos é um processo natural, portanto, nada de remédio!", e também "nenêDent não funciona", ou ainda "erupção de dente não causa febre nem diarreia, se isso ocorrer com o bebê, é coincidência". Acontece que, em questão de alguns anos, além de dentista, eu assumi o importante cargo de mãe do Enzo e aí tudo mudou... Não é que os primeiros dentinhos começaram (atenção ao começaram!)a querer nascer antes dos 4 meses?? E aí foi que eu senti o que é desespero! Meu filho, que não é de chorar, ficou super chatinho e resmungão, passou a dormir muito mal à noite (regrediu de dormir 6 horas seguidas à noite para acordar de 2 em 2 horas noite adentro)e perdeu o apetite. Foi um tal de dar Alivium antes de dormir e gastar todo o meu salário nos mais diversos e tecnológicos mordedores disponíveis no mercado, isso sem falar nos tubos e mais tubos de nenêDent!

Não quero sugerir que esse comportamento que eu presenciei em casa seja uma regra, afinal, bebês também são seres humanos! Mas caso você tenha se identificado com o que leu aqui, atenção, pode ser que sejam sim os primeiros dentes do seu filho. Talvez você tenha estranhado o fato de os dentes terem começado a vir antes dos 4 meses, então quero falar um pouco sobre isso. Via de regra, os primeiros dentes que nascem são os 2 incisivos centrais inferiores, ou os dois da frente em baixo (exceto em crianças com agenesias dentárias, assunto que abordarei em outro momento) e isso pode ocorrer entre 3 e 7 meses (também existem exceções, como eu disse, estamos falando de seres humanos). Eu enfatizei bastante o fato de que eles apenas começaram a nascer aos 3 meses e meio porque esse é um processo demorado. Do momento em que eu notei a gengiva mais gordinha até o bendito do dente aparecer foram uns 45 dias (haja nenêDent!).

Mas por que algumas crianças passam por isso antes que outras? Estudos mostram que a erupção dos primeiros dentes tem muito a ver com a maturidade física dos bebês, por exemplo, se seu filho nasceu grande, já fica todo durinho desde cedo, apresenta certa coordenação motora para alcançar objetos e levá-los à boca antes dos 4 meses e, principalmente, se começou a comer papinha cedo, há grandes chances de os dentinhos nascerem à partir dos 3 meses.

E o que fazer, afinal? É claro que antes de medicar seu filho, sugiro que você converse com o pediatra ou odontopediatra, mas eu diria para que você siga seus instintos. Você sabe, melhor do que ninguém, se seu bebê está ou não sofrendo e o que vale para amenizar o sofrimento. Na minha opinião, o nenêDent realmente não foi muito eficaz. Além de ter um gosto bem esquisito, ele só deixa o local dormente por cerca de 15 minutos mas o fabricante pede para não usar mais de 3 vezes por dia, então, a menos que seja para ajudar o pequeno a pegar no sono, eu não recomendo. Quanto ao Alivium, se você achar que ele está realmente incomodado e perdendo o sono, eu diria que vale a pena, pois ele é um ótimo anti inflamatório, mas até por isso, não abusem! Se seu filho tiver febre ou diarreia, medique de acordo com a recomendação do pediatra.

Além de remédios, existem outras opções para minimizar o desconforto do pequeno. Mordedores são uma boa pedida mas não é muito fácil achar o ideal. Aos 3 meses e meio, nem sempre eles acertam a boca, então às vezes ele batia com o brinquedo no rosto e rolava um estresse. Existem mordedores com um líquido no interior, que você leva à geladeira e oferece bem gelado para o bebê. A ideia é ótima, pois o gelado realmente é anestésico e ajuda muito no processo inflamatório, mas comigo não funcionou porque o Enzo não gostava de ter que segurar na mão o objeto gelado, ele só queria se eu ficasse segurando para ele (o que eu acabei fazendo algumas vezes). Ainda sobre coisas geladas, meu filho, por exemplo, aceitou bem a ideia de colocá-las na boca então sucos, pedaços de fruta como melão e melancia e até o leite bem gelado caíram super bem. Eu até me submeti a fazer um picolé de leite para ele, que ele adorou! A ideia veio do blog Mil dicas de mãe (www.mildicasdemae.com.br), que aliás, também pertence à uma dentista!


chupeta especial para colocar pedaços de frutas

 

picolé de leite (que pode ser inclusive materno)


sem comentários!


 

Infelizmente (para mim e felizmente para vocês), só quando um dos dentes já havia rasgado a gengiva e nós estávamos ansiosos para a chegada do segundo, foi que eu tive uma ótima ideia: escovar a gengiva! Eu comprei uma escova pequena e com cerdas bem macias, recomendada para bebês a partir dos 6 meses, e foi o que meu filho mais gostou, só queria saber de escovar os dentes!


a maravilha da escova de dentes!
 

Se você tiver alguma outra dica de como lidar com essa questão, mande para cá!

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Bem vindos!

Sou dentista e trabalho com odontopediatria, minha paixão há 8 anos. A ideia de escrever esse blog veio justamente da minha experiência clínica, durante a qual, me dei conta de que muitos pais não têm informações suficientes sobre o cuidado oral de seus pequenos, ou porque ninguém nunca ensinou o certo a se fazer, ou pior, porque receberam informações equivocadas. E o que mais me parte o coração é que muitas vezes o serviço do odontopediatra é procurado quando já é tarde demais para salvar o dentinho, não por descaso dos pais, e sim porque muitas vezes nem mesmo o pediatra sabe instrui-los quanto aos cuidados com a boquinha do filhote.

Minha intenção aqui é abortar temas como cárie, técnicas de higiene, alimentação, como proceder em caso de pequenos acidentes em que ocorra fratura, intrusão (quando o dente entra para dentro da gengiva) ou avulsão (quando cai inteiro, com raiz e tudo) dos dentes, e o que está dentro da normalidade no que diz respeito ao nascimento dos primeiros dentinhos do bebê, e dos permanentes das crianças e também problemas oclusais (de mordida) que tenham indicações para aparelho ortodôntico.

Prometo tentar manter uma linguagem simples e explicar tudo para que qualquer "não dentista" possa entender, mas me perdoem se escapar um pouco de odontês. Qualquer dúvida ou comentários, sintam-se à vontade para se expressar!